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27 de janeiro de 2006

Espírito de porco

Este textículo é um excerto das Sagradas Cuecas (ou Pará-bolas) extraído dos anais do Santo Orifício. No duro período de um ânus que durava o retiro, isolado do prepúcio exterior e cercado apenas dos mais elevados corrimentos, em meio a mais bucólica natureza de seus baixos instintos, alimentava-se o iniciando apenas de lavagem (restos de comida), bebia água parada e desinteria benta. Assim, masturbava-se à toda e diariamente, como manda a antiga tradição de nossos precursores onamistas, enquanto recita em puro latim os sutras e mantras divinatórios de nossa santa sociedade secreta, Razão LTDA., da qual a invocação ad ignorantiam suprema é: stupro, caede, adulter, homocida, parricidia ac periurus, plesbitericidia, audax, libidinosus, fornicarium ac sicarium, proditor, raptor, incestuosus, incendiarius, ac concubinarius, lussurioso incestuoso, perfide, sozzure ac crapulone, assassino, ingordo, avaro, superbo, infidele fattore di monete false, sodomitico, uxoridido. E nestes termos deveria nosso confrade proceder seus estudos masturbatórios nunca sedendo a tentação de reter o sêmen. Algo gozado foi que ao final do priápico período de eremitério estipulado os outros vieram buscar o nosso "veterano de si mesmo", resgatando-o de sua solitária e esgotante jornada interior e, no lugar onde deveriam encontrá-lo, sob o carvalho ancestral sobre a antiqüíssima colina, encontraram nada mais e nada menos que um espírito de porco.