...no espelho, avalio a face nublada e o cabelo tempestuoso, reflito sobre o que de resto ele reflete: um corpo franzino de leitor de livros, somente; nunca lhe dei muita atenção. Penso: existem mentalidades e imaginações desperdiçadas dentro das cabeças das pessoas que passam passeando montadas em corpos perfeitos dentro de armaduras sob medida que me defendem de suas obtusidades irrefletidas; o que meu corpo "inspira" nessas cabeças montadas e blindadas é uma sensação não muito distinta, porque inversa, percebem-no como uma semente vã, que gorou. Não vingou um rosto bonito com traços quase certos, não aproveitados para fim algum que não seja não figurar neste pensamento; formas que poderiam ter sido exercitadas, tornando-se belas e mesmo ininteligíveis. Não. Assim eu não o quis. Não é que quis que fosse como é, é que não cheguei a querer que fosse. Não refleti a auto-imagem e penso que o que disso resultou acaba por não me desagradar a mente impune por completo, ainda que não impunemente; vejo-me todo pensamentos refletido no espelho...