eis que o conto bluseiro, um CÉU da boca para fora de órbita daqui / o CÉU, ele fica me olhando de cima, um buraco negro no dente da frente / desentendemo-nos e trocamos pancadas de chuva e trovoadas esparsas / ele me faz ver estrelinhas, mas deixei-lhe a abóbada acamada de ozônio / espaço infinito de tempo depois, eis que me reaparece, dentre nuvens / fez-me saber que de DIA lhe amputam a NOITE, e notei que mancava / o SOL viu tudo, sentado no horizonte com o cu na mão, aquele laranja / e eu que suspeitava de esquizofrenia, quando era hermafroditismo / o DIA ficou meio dia, a NOITE ficou meia noite, e ficaram por isso mesmo / ele me visita diariamente, mais ou menos caloroso, dependendo do clima / mesmo com nebulosas idéias fixas, ele pode ser bem alegre e colorido / a NOITE ficou muito minha amiga, apesar de ser algo misteriosa e sombria / ela me explicou que é tímida por ainda exibir tantas estrelas no rosto / vaidosa, mantém o ébano breu da tez fazendo bronzeamento artificial / um vai dormir cedo, a outra acorda tarde, e nunca rola um tête-à-tête / precisei fazer análise para aceitar, três vezes por semana no mundo da LUA / paira ainda o muito em comum que os dois têm, o mesmo ar aéreo / uma certa ambígua cor celestial naquele etéreo astro lábio firmamento / de tanto eu falar de um para o outro, ficaram na maior fissura de se ver / fiquei sendo o garoto de recados por um tempo, mas não dava mais / agora dou uma de médium encarnando de dia a NOITE e de noite o DIA / aí não preciso nem falar mais nada, é sempre com fuso, a maior putaria / estou há muito tempo acordado, enormes olheiras, os horários trocados / mas felizmente sempre passa por aqui um PSICOTRÓPICO DE CAPRICÓRNIO