O teatro é inútil, a não ser para realizar sobre o palco o quão bem ou mal estamos todos encenando aqui fora. Arte em desuso pela mimética e diegética vida; não porque a represente impropriamente, mas porque nos apresenta, a nós, como representação. A vida precisa subir ao mesmo palco, elevar-se ao nível desse inútil, usar o teatro e teatralizar seu uso. O artista em gesto e palavra sobre o palco é a melhor audiência, dentre todos os públicos é o mais privilegiado, pela perspectiva que tem da platéia desde o palco onde vive, pois assiste melhor à vida que imóvel e silenciosa atua com arte na platéia, artísticas mentes. Arte maior é prestar atenção à cena e vida melhor é ter suas falas de cor, assim, de um lado, uns, pensando que encenam, fazem vida, e do outro, os outros, fazendo arte, encenam que pensam. Reflexão distorcida de uma idéia é o mundo, outro mundo a distorção. O espelho da arte é não ser um deles ou nada que o aparente e a arte do espelho é estar entre os dois, transparente.