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27 de abril de 2007

20 de abril de 2007

DICOTOMIA

Ver o nosso mundo sem perspectiva
Ouvir o caos sem qualquer proporção
Esquecer com uma memória seletiva
Ignorar estas outras idades sem razão

Tantos ideais de amor em tempos de cólera
Quantas idéias de paz em tempos de guerra
Tanta a paz que o nosso amor demais tolera
Quanto amor mais para termos paz na Terra?

17 de abril de 2007

A Vinda do Parafuso



São Paulo num século XXI, sábado à noite d.C. Por que pizza? Por que não?

Telefonei, delivery portanto. Meia marguerita; meia portuguesa. E assim foi.

Já chegou... abra, abra... vamos comer! E na primeira mordida Deus criou a dor.

Derrepentemente em meio ao queijo derretido em frente; você não adivinha.

Todos me olhavam curiosos acerca do achado. Um cabelo? Não. Um parafuso!

Os comensais boquiabertos perderam a fome e pousaram seus pedaços nos pratos;

expressando as emoções súbitas de suas almas nas mais variadas interjeições.

O objeto tinha não menos que uns cinco centímetros, escuro e meio enferrujado,

diâmetro razoável; retirei-o ainda sujo de massa para o espanto da audiência.

Em meio ao incômodo que sentia nos dentes, ainda cheguei a rir-me da situação.

Aí depositei-o num guardanapo e repeti o movimento de discar para a pizzaria.

“Por favor, o gerente... quero fazer uma reclamação” disse eu à atendente. E então:

“Eu sou um cliente de vocês, servido em casa ou aí mesmo, há algum tempo;

Alguns instantes atrás recebi uma pizza com um ingrediente mais que indigesto.”

Um cabelo? Pior. Um pelo? (ele já tinha alguma experiência para essas situações)

Não, senhor... um parafuso! Tal e qual e tal descrevi-o. E ele: Mas que absurdo!

Pois não é? Veja o senhor que quase quebro um dente, podia mesmo tê-lo engolido...

Por acaso não estariam com a cozinha em reforma? Pagam bem o pizzaiolo?

Ele pode ter perdido um parafuso... ou terá sido o senhor? Não me dirá que é meu!

O senhor e eu concordaremos que não há nada de engraçado numa matéria jornalística s

obre isto causar no público o esperado demasiado riso, que logo se torna calúnia.

Oh, mas é claro... – ele parecia mesmo amedrontado – ...vou te enviar outra de imediato.

Sem custo algum, espero... Ah, sim, obviamente... Com a devolução do dinheiro até...

Ah, evidente, senhor... não se preocupe... não vai se repetir... por favor, desculpe-nos...

Eu agradeço pela atenção, senhor gerente. Afinal foi mais que tudo um belo susto.

Mas eu me esqueci de perguntar teu nome... É Henry James, senhor, para lhe servir.

14 de abril de 2007

Poemar

Águas profundas em versos superficiais
Enchente sublunar só um caos sem plural
Só lares vêem as visitas dos etéreos cais
Consoante o planeta terra a vista da nau
~
Mar ritmos rimam marulhos lógicos ecos espaciais
Terrena palavra que jazz submersa no temporal
Liquefeitos dominós dessas ondas iguais
~
Cara vela se há paga singular na linha horizontal
Navegas em voga de vagas nas fragas vogais
Ilude lúdico e diluído o idílico dilúvio dual

Mastigação (como o que sou)

Servido estando
como
o que mastigando
somo
...
Engulo
de giro engiro
emulo
em giro digiro
...
Uns cinco quilos já
maior do que eu
comensal sendo cá
aquilo que comeu