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25 de agosto de 2007

Córrego da Paciência

Rio morto
Que corre no fim da minha rua
É beco escuro mesmo sob a lua

As suas águas jazem ali abandonadas
Flagram de hora em hora um pior humor
As fábricas são tantas nele ancoradas
Que cada dia é navegado por uma cor

Diluindo ele corre clamando
As naturezas da poluição
Fluindo reflete se esperando
Os dias melhores virão

Nicho do desmemorio
De todo entulho que se expande
Do meu beco ri acho pois é contrário
Da infeliz cidade que tão grande
Sobrevive no desvario

Fluindo eu sigo proclamando
As amizades da solidão
Diluindo penso se desesperando
As noites durante serão

A sujeira dessas idéias marginalizadas
Afunda a nau frágil afogando o meu fragor
As enchentes em meio às gargalhadas
Embarco no papel boiando desta minha dor

Desfaleço a vida que me passa
E eu que assim achando graça
Rio morto