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26 de julho de 2007

Mitografia

Nunca creias no verso lindo
Não estou a colorir a verdade
Eu que estou apenas mentindo
Artifícios sobre uma realidade
.
Faço crer em uma convincente fantasia
Estou sendo autêntico falsário da ilusão
Reelaboro as certezas como à joalheria
Para causar a melhor errônea impressão
Um conto de fadas que não se evidencia
Conto com inobservada falta de atenção
Cruzando essas pernas curtas de bijuteria
Para usar do simulacro ou da simulação
.
As fachadas mais sólidas com gesso
É fato que construo, tijolo por tijolo
Encubro com o rococó pouco espesso
De dezoito quilates por ouro de tolo
.
Desconfies sempre que me ver caricaturar
Sou aquele que promete quebrar um juramento
Procures-me nas entrelinhas que sei maquiar
Para que só me julgues por aquilo que aparento
Acautela-te com o esse perjúrio subliminar
Entendas que não o faço por arte de fingimento
Saibas que vais perder-te ao saber te achar
Ajo assim pelo teu, meu, mútuo entretenimento
.
O real significado sempre se escapa
Faço assim pois precisas ludibriar-te
Nunca mais julgues o livro pela capa
A vida sublimada se desvela em arte