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26 de junho de 2009

Não

Não me olhes assim... Eu não morrerei contigo e não envelhecerei ao teu lado. Nós não teremos netos, nem sequer filhos. Não vamos ter uma história juntos, sem apoio mútuo ou mesmo alguma compreensão. Por isso não haverá brigas. Nunca teremos uma única crise que seja. Jamais discutiremos a nossa relação. Logo, é impossível que haja traição e muito menos que enjoemos um do outro. Porque eu não te darei a mão, não andarei ao teu lado e não te guardarei do mal. É melhor para ti. Já será bom que não queiras querer-me bem, de nada vale. Não adianta, pois nunca serei teu e nunca serás minha. Definitivamente, não. Nós não seremos felizes juntos. É muito simples: eu não me casarei contigo. Assim também não seremos infelizes juntos. Tu não entrarás em minha vida. Esqueças completamente o noivado, mas antes dele todo o nosso longo namoro. Sem planos para o futuro. Sem futuro. Nada vamos compartilhar. Sem romance. Coisa alguma se consumará entre nós. Não faremos amor, e nem mesmo sexo. Nós não misturaremos os objetos pessoais que já não nos pertenceriam mais. Nenhuma data ou lugar será marcante, não teremos uma música, livro ou filme. Então não desenvolvas qualquer expectativa ou crie esperanças. É impossível. Não há qualquer ilusão. Nada em ti me inspira, enlouquece ou anima. Apenas. É que não começaremos nada. Não conhecerei teus amigos e amigas, teus pais. É inútil. Tu não me moves ou transportas, não sinto nada por ti. Isto é triste? Não há um só programa que faremos a dois. Não te lerei ou escreverei poemas. E eu não vou te beijar, nunca. É melhor que não esperes nem um abraço de mim. Não haverá atração, interesse ou flerte. Tudo sem aproximações, toques, posse. Longe dos olhos, e fora de alcance. Não há qualquer emoção. Então, nada digas. Não ligo para ti pois jamais pedi teu telefone. Não me apresento, e nem cogito. Diria-te “adeus” agora como se jamais me tivesses dito um dia qualquer “olá”. Não nos veremos uma segunda vez para não lamentarmos o fim daquilo tudo que podíamos e não quisemos iniciar porque nem mesmo houve este primeiro encontro. Eu fecharia teus olhos para que quando os abrisse eu já nem estivesse mais aqui, e seria mesmo como se eu nunca houvesse estado. Queres saber se terminamos? Não. Eu vou embora da tua vida e só termino contigo se algum dia voltarmos a nos encontrar.