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17 de julho de 2008

VISTA

Os meus olhos siameses
Englobam à noite às vezes
E não caibo em pensamento
Entre quaisquer duas estrelas
Mas mais sem cabimento
Se quer seria não vê-las

Vejo Jove
A mira é cega
Tempo faz que não chove
Canta a dor que o trove
A deus e ao dia renega
Ébrio planeta mega
Com templo que não abarco
E é não amar ou há barco
A nave que me navega

Em branco que visto vim de siso
Esgarce ao tudo que viso oculto
No turno quer e paro vejo um vulto
Isto me investe de fausto e disfarce
Ressarce meu prejuízo no que exulto
Guia d’oeste lar senti nela catarse

Olho ao redor
Vendo o quadro sem moldura
Dossel que de onde estava eu via
Adquiro o céu que me transfigura
E aquilo que não sei eu sei de cor
Qual um véu que a visão fulgura
Deve haver o eclipse de um meio-dia
Pois no escuro ou se vê melhor
Ou é noite de lua vazia