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27 de agosto de 2010

Autocanibalismo moderado



Devoro as translúcidas horas vãs
como estas minhas unhas de fome

Devoro em desaprumo as calçadas
como estas unhas de um pé direito

Devoro precipitadas jacas moles
como os próprios pés de enfiada

Devoro os erógenos temperos
como mesmo as bolas do saco

Devoro as paisagísticas propagandas
como estes olhos que aterra um dia

Devoro as míticas terras prometeicas
como um fígado e fígado um monte

Devoro tudo o que nada pelas bordas
como a boca-a-boca de água na boca